sábado, 1 de junho de 2013

A empregada foi embora. E agora?

Sem choro, sem vela, sem aviso prévio. Apenas uma mensagem dela no meu celular dizendo que ia embora e que Deus me abençoasse. Simples assim. Depois de quase dois anos de convivência, carteira assinadíssima, direitos em dia, salário mais do que compatível com a categoria, horários super flexíveis, tolerâncias de todas as naturezas. Até médico particular paguei assim como os medicamentos prescritos... Isso de nada adiantou.

O fato é que desde que minha filha nasceu, há quatro anos, vivo esse drama. E a história se repete indefinidamente: a gente procura uma pessoa boa, de confiança, treina essa pessoa, colabora com ela – sei que as tarefas domésticas são muitas - valoriza-se o trabalho dela, afinal, a empregada ainda é considerada “o braço direito da dona de casa”, ou não?

A realidade é que não se encontra mais essa profissional e a cada dia que passa essa dificuldade só aumenta. A nova PEC está aí para provar.

E agora, o que eu faço já que fui abandonada mais uma vez? Vou ficar aqui chorando? Não. Não vou mesmo. Decidi dar um basta nessa história.

E decidi que vou arregaçar as mangas. Vou botar pra quebrar. Então é um tal de ler zilhões de blogs na internet sobre vida sem empregada doméstica, até o Jornal da Pampulha me caiu como uma luva hoje, com a matéria “O futuro já começou” http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/o-futuro-j%C3%A1-come%C3%A7ou-1.655756. Esse texto parece ter sido feito para mim!

E é isso mesmo: pesquisadora doutora, pós-doutora e dona-de-casa com muito orgulho. Ou melhor: dona da casa. E sabe que não é esse bicho de sete cabeças, não? Na verdade até que é bem fácil e vou dizer o porquê. É porque, diferentemente da maioria das empregadas domésticas, eu leio e sigo as recomendações dos rótulos dos produtos, eu planejo e trabalho com organização e método. E não preciso gastar todo o tempo do mundo fazendo faxina, passando roupa e cozinhando não senhor. As tarefas são divididas e executadas ao longo da semana no tempo máximo de 40 a 50 minutos diários. Ah, e os finais de semana são proibidos para o trabalho doméstico. Meu marido participa de tudo, é claro. A minha filhinha também, na razoabilidade de sua idade.

Sinto que além de jogar para bem longe os aborrecimentos e frustrações com as empregadas domésticas, essa nova etapa está unindo minha família. Mais do que isso. Ao contrário de mim, que fui preparada para ser uma mulher com uma carreira de sucesso, mas ao mesmo tempo totalmente perdida no que diz respeito às questões práticas da vida doméstica, minha filha, sim, poderá se tornar uma pessoa com o pacote completo e por isso mesmo, ser muito mais independente e feliz.