domingo, 27 de setembro de 2015

Hoje é dia de festa!

Depois de uma semana inteirinha sendo literalmente expulsa da cama cedinho por conta do barulho EN-SUR-DE-CE-DOR da obra vizinha ao prédio onde moro, pensei: "Oba! Domingo não tem construção, vou poder dormir até tarde! Que sonho!

Infelizmente minha alegria durou pouco. Domingo pode ser dia de descanso para alguns, mas para outros é dia de festa! Então por que não começar o dia com uma banda marcial tocando a todo vapor na rua? Por que não botar um povo esgoelando em um microfone "Parabéns a você" e cantigas infantis?

Hoje a festa é minha, hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem vier...

Só que não!

Gostaria de ter esperanças de que um dia, pelo menos um dia nesse país, as pessoas pensassem nos outros além de em si mesmas. Gostaria que acreditar que um dia as pessoas pudessem pensar no coletivo, no todo, e menos na sua individualidade, no seu direito de ir e vir e fazer o que bem quiser e o que der na telha.

Infelizmente, como sociedade, nós não estamos e nem nunca estivemos caminhando nessa direção. A cada dia que passa, esse egocentrismo exacerbado vai se amalgamando na estrutura social. Alguns ainda vão além, formando suas castas, como têm feito de forma muito eficiente os nossos juízes e seus salários astronômicos, totalmente desproporcionais a todo o restante do funcionalismo público brasileiro.

Ninguém questiona nada, tudo pode, e por que não, não é mesmo? Por que não por o som nas alturas, furar fila, dar um jeitinho para obter favorecimentos, jogar lixo na rua, não dar passagem a outro motorista... a lista é grande, por sinal! Indo até um pouco além, por que não humilhar mulheres nuas em programas televisivos como Pânico e, de outro extremo, por que não as servidoras da câmara dos deputados fazerem um estardalhaço porque alguém quis botar ordem na casa e criar um código de vestuário absolutamente necessário?

Nosso dia-a-dia não é nada fácil. Temos que lutar por nossa sobrevivência não somente financeira, mas por nossa integridade psíquica e até mesmo física, já que tirar a vida de alguém nesse país se tornou algo tão banal que virou fonte de lucro em algumas mídias, as quais não somente veiculam como exploram ao extremo esse tipo de notícia!

E voltando ao fato que motivou esse post hoje, queria pedir que as pessoas refletissem sobre a seguinte questão, antes de imporem seus pagodes, funks, sertanejos, bandas marciais ou qualquer estilo musical que apreciem, aos ouvidos alheios: alguém pode se sentir invadido pela minha música? Se a resposta for positiva, é preciso buscar uma alternativa!

Penso que são nas mudanças das pequenas atitudes como essas, é que chegaremos às grandes mudanças sociais tão almejadas por todos nós brasileiros.

Bom domingo a todos!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Cuide do seu decoro que eu cuido do meu decote

Quando vi a notícia sobre os protestos das Servidoras da Câmara, indignadas com as regras de vestimenta propostas pela Mesa Diretora, em um primeiro momento tive que concordar com uma das organizadoras da manifestação: realmente esse assunto é secundário, tem coisas mais importantes para se discutir no Congresso Nacional.

Mas sabe o que? As mulheres estão ficando mesmo sem noção no quesito vestuário. O fato de vivermos em um país tropical não justifica esse abuso indiscriminado de decotes, roupas curtas demais, justíssimas, enfim, muitas vezes parece que elas estão indo para o clube, para a praia ou para a academia ao invés de estarem saindo para trabalhar.

A mulher brasileira foi educada para ser sexy, exuberante, para chamar a atenção o tempo todo, seduzir e conquistar. O corpo feminino, para muitas, passou a ser uma ferramenta de trabalho na busca por melhores posições e salários.

Só que elas não enxergam, que reivindicar o direito de se vestir como quiserem no estilo "#cuide do seu decoro que eu cuido do meu decote" estão dando mesmo são muitos passos para trás na busca da igualdade de gêneros no Brasil.

Vestir-se como quer não empodera a mulher, ao contrário, salienta seus atributos físicos em detrimento de seus atributos intelectuais. A roupa fala muito sobre uma pessoa e muitas vezes causa sim, péssimas impressões, principalmente quando há uma intenção de sensualidade nesse vestir.

Acho que falta, para muitas mulheres, especialmente em um país tropical como o Brasil, uma perspectiva mais abrangente do que é ser chique e feminina e, ao mesmo tempo, competente e profissional de sucesso. Infelizmente, essa é uma arte ainda dominada por poucas.

 






Mulher com saia no Congresso, durante onda de calor em Brasília, em 2008Servidoras da Câmara protestam com lenços cobrindo a cabeça e o colo contra as novas regras de vestimenta propostas pela Mesa Diretora

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Sobre viagens e filhos

Não há dúvida de que a vida de todo casal muda muito após a chegada dos filhos, especialmente no que se refere às viagens de lazer. Aquela independência de poder se programar de última hora, de escolher qualquer destino sem se preocupar muito com a infraestrutura, segurança, alimentação, passeios e até a oferta e rede local de cuidados de saúde...Tudo isso fica para trás depois da maternidade.

Viajar sem os filhos, especialmente pequenos, também é uma questão polêmica: existe idade certa para deixar os pimpolhos? Onde é melhor que eles fiquem, em casa mesmo ou na casa de parentes? Quem ficará responsável? Por quanto tempo? Isso sem contar inúmeras outras dúvidas: as crianças ficarão bem ou sentirão a falta dos pais? Como fazer com que a rotina delas seja afetada o mínimo possível em termos de horários, alimentação, diversão? É possível que os pais se desliguem de tudo e realmente aproveitem a viagem?

A verdade é que não existem nem respostas únicas, certas ou fáceis para cada uma dessas questões, cabendo à cada família fazer suas escolhas com base naquilo que acredita. Na minha experiência pessoal, percebi que não consigo delegar essas responsabilidades todas e nem tampouco ficar bem, emocionalmente, com a decisão de viajar sozinha com meu marido. Nos seis anos de minha filha, na única vez que fizemos isso acabei ficando preocupada o tempo todo, mesmo sabendo que era um passeio curto de menos de uma semana. Isso tudo sem contar que depois de dois dias ela começou a sentir nossa falta, fazendo perguntas sobre nossa volta, dizendo que queria ver a gente...Aí mesmo é que me senti pior ainda e adeus qualquer possibilidade de curtir a viagem!

Depois dessa viagem frustrante, aprendi a buscar alternativas para as viagens de lazer que incluíssem minha filha (
de fato, a coisa mais comum que vi nessas nossas andanças, principalmente pela Europa, é família viajando unida, com duas, três às vezes quatro crianças, carrinhos de bebê...)

No nosso caso, já fomos para vários lugares juntos, e realmente gostamos de estar com ela, de mostrar esse mundo gigante para ela, com diferentes pessoas, línguas, cheiros, comidas, belezas e também problemas, claro! Ela mesma nos surpreende com algumas ideias, como a coleção de monumentos que decidiu fazer após visitar alguns países e de bonecas com trajes típicos de cada lugar visitado.


Não sei o que o futuro nos reserva, mas por enquanto essa fórmula tem dado muito certo para a gente. E acho mesmo é que daqui a muito pouco tempo ela cresce e vai acabar decidindo que viajar com os pais é um mico danado, que melhor mesmo é viajar com a turma e aí vai ser ela quem vai nos deixar para trás!!! Dureza, né?